terça-feira, 23 de abril de 2013

chamada para apresentação no III simpósio nacional de história da UEG

CHAMADA DE COMUNICAÇÕES

 
 
O III Simpósio Nacional de História da UEG abre suas inscrições para os acadêmicos que desejarem enviar trabalhos para serem apresentados em um dos nossos 20 Simpósios Temáticos. O prazo para envio dos resumos é até o dia 02/06/13, e a lista com os STs podem ser acessadas no endereço http://www.simposionacionaldehistoria.ueg.br/conteudo/2348. As normas e instruções para envio dos trabalhos estão aqui: http://www.simposionacionaldehistoria.ueg.br/conteudo/2271.

O evento ocorre de 28 a 30 de agosto, na Unidade da UEG de Iporá, estado de Goiás. A palestra de abertura será proferida pela profa. Dra. Márcia Motta (UFF), e o encerramento pela profa. Dra. Leila Leite Hernandez (USP). Além das apresentações das comunicações e dos minicursos,o evento contará também com uma mesa-redonda com o tema Didática da História, com os profs. Drs. Rafael Saddi (UFG), Marcelo Fronza (UFMT) e Itamar Freitas (UFS).

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Dossiê: (Ab)usos do Cinema em História: chamada para publicação

Chamada para publicações



A Revista de História da UEG (ISSN: 2316-4379) convida a comunidade acadêmica para publicar seus estudos no dossiê “(Ab)Usos do Cinema em História”.

O objetivo do dossiê é divulgar o resultado de pesquisas, reflexões, ensaios, notas de pesquisa e resenhas que problematizem os usos e abusos do cinema nas diversas dimensões do ofício histórico: no trato documental, na criação textual, na comunicação e no ensino/aprendizagem dos conhecimentos e saberes históricos.

As relações entre a linguagem cinematográfica (em suas dimensões técnicas, artísticas, políticas, econômicas etc) e o conhecimento histórico nem sempre é objeto de reflexão sistematizada.

Possivelmente, as aulas de história constituem a situação em que melhor visualizamos o silenciamento sobre as demais dimensões linguísticas do cinema. A simples ênfase na narrativa/enredo/informação enunciada, em detrimento das demais dimensões, seria o principal “abuso” do cinema: o mais ordinário e, por isso, possivelmente, o mais forte.

A dimensão textual (com suas especificidades linguísticas, comunicacionais, discursivas, ideológicas...) é quase sempre obliterada pelo abuso ilutrativo do cinema. Para enfrentar, desconstruir e propor, convidamos você a publicar suas reflexões no dossiê “(Ab)usos do cinema em história”, a ser publicado na próxima edição da Revista de História da UEG.

Em caso de aceite, seguem as normas para o depósito do texto (até 16 de junho de 2013).

Atenciosamente,

Professor Euzebio Fernandes de Carvalho (Universidade Estadual de Goiás)
Conselho Editorial e Editor do dossiê.

Diretrizes para Autores 

A revista abre espaço para publicação de trabalhos inéditos nas diversas áreas da história e áreas afins (geografia, antropologia, ciências sociais, etc) em diferentes enfoques teóricos e metodológicos. Os textos encaminhados para avaliação e publicação devem ser redigidos na língua portuguesa, inglesa ou espanhola, com no máximo 03 autores. Os textos devem estar salvos em formato Microsoft Word. Os metadados deverão ser preenchidos com o título do trabalho (em duas línguas), nome(s) do(s) autor (es), último grau acadêmico, instituição que trabalha (am) e contato (os) de e-mail. A extensão do texto poderá ter de 10 a 25 páginas, para artigos e até 10 páginas para notas e resenhas, em fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12, com espaçamento 1,5 entre linhas. O texto deve ser acompanhado de resumos (em duas línguas) com o máximo de 200 palavras seguido das palavras-chave e key words, palabras clave ou most-clés. Sugere-se o número de 3 a 4 palavras chaves, atentando-se para o conteúdo do texto. Abaixo dos Títulos deverão ser inseridas as informações sobre a afiliação de todos os autores (Por extenso e de forma completa): nome, instituição, estado, cidade e país de origem As referências deverão ser organizadas, obrigatoriamente, de acordo com a NBR 6023 da ABNT (agosto de 2002).

Condições para submissão


Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores. A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outra revista; caso contrário, deve-se justificar em "Comentários ao editor". O arquivo da submissão está em formato Microsoft Word, OpenOffice ou RTF. URLs para as referências foram informadas quando possível. O texto está com espaçamento 1,5; usa uma fonte de 12-pontos; emprega itálico em vez de sublinhado (exceto em endereços URL); as figuras e tabelas estão inseridas no texto, não no final do documento na forma de anexos. O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para Autores, na página Sobre a Revista.

Declaração de Direito Autoral 

Os autores não serão remunerados pela publicação de trabalhos na Revista de História da UEG, pois devem abrir mão de seus direitos autorais em favor deste periódico. Os conteúdos publicados, contudo, são de inteira e exclusiva responsabilidade de seus autores, ainda que reservado aos editores o direito de proceder a ajustes textuais e de adequação às normas da publicação. Política de Privacidade Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.

domingo, 7 de abril de 2013

Chocolate e Barrabás



Cena do filme Barrabás / ReproduçãoCena do filme Barrabás / Reprodução





[re-publico o texto de Marcello Scarrone "O homem que não podia morrer" sobre o filme italiano de 1961, "Barabba" (Barrabás), sob direção de Richard Fleischer. o texto original está na seção Cine História da Revista de História.com.br]

O homem que não podia morrer

Os últimos dias da vida de Jesus foram representados inúmeras vezes no cinema. O drama épico ‘Barrabás’, clássico dos anos 1960, conta a história do sujeito que foi salvo, literalmente, pela morte de Cristo

Marcello Scarrone


Reprodução Muitas vezes e com abordagens diferentes o cinema se aproximou dos eventos históricos ligados às raízes do cristianismo. Tema presente de forma preponderante na arte figurativa sobretudo do mundo ocidental, da Idade Media à Renascença, do barroco aos estilos posteriores, tanto na representação do nascimento de Cristo quanto na transposição sobre tela, parede ou tapeçaria de milagres ou pregações dele, a fé cristã e os fatos que estão em sua origem encontraram tratamentos pictóricos dos mais variados. Como dito, também a sétima arte se interessou do objeto, e como aconteceu pelas outras formas artísticas, os resultados foram dos mais diversificados. Mas uma coisa salta aos olhos: o peso decididamente superior que em todas as releituras artísticas têm os últimos dias da vida de Jesus, isto é, os eventos ligados à sua paixão, sua morte de cruz e sua misteriosa ressurreição.
De Nicholas Rey (“O Rei dos Reis”, 1961) a Scorsese (“A Última Tentação de Cristo”, 1988), de Zeffirelli (“Jesus de Nazaré”, 1977) a Denys Arcand (“Jesus de Montreal”, 1989), passando por musicais como “Jesus Cristo Superstar” (1974) e até chegar a Mel Gibson (“A Paixão de Cristo”, 2004), a representação cinematográfica daqueles momentos finais desafiou vários diretores. Sem falar de outras produções que tocaram no tema da Páscoa cristã de forma tangencial, como o interessantíssimo “A Investigação” (1986), de Damiano Damiani, com o “tarantiniano” Harvey Keitel no papel de um Pilátos empenhado na tentativa de camuflar os indícios da ressurreição, ou o próprio “Ben-Hur” (1959), drama épico de Wyler. Nesta linha se coloca também “Barrabás”, filme de Richard Fleischer de 1961.
Marcado pela vida inteira por aquilo que lhe ocorrera, isto é, sua misteriosa e incompreensível libertação pela autoridade romana em ocasião da condenação à morte de Jesus Nazareno, o ladrão e assassino Barrabás vive o resto de sua existência carregando um estigma. Não mais o estigma de seus crimes que o levaram à captura e prisão, e sim o de ser um “agraciado”. O primeiro homem a ser salvo, literalmente, pela morte de Cristo. O primeiro homem para o qual a perspectiva da própria morte é afastada graças à morte do outro.  Barrabás, por causa disso, acaba sendo um deslocado, tendo sua identidade alterada. Entre seus antigos companheiros de crimes e rapinas, não encontra mais acolhida. Os seguidores de Jesus o veem como o que causou, mesmo que de forma indireta, a morte do Mestre. Não há mais lugar para ele no mundo que conhecia.
Mesmo assim, sua vida vai seguindo, e, entre um evento e outro, acaba percorrendo, quase sem querer, as pegadas daquele que o libertou. Em várias ocasiões se depara com pessoas que encontraram e conheceram aquele homem, aquele estranho profeta: do apóstolo Pedro a Lázaro, o homem que Jesus ressuscitara dos mortos; de sua antiga companheira, agora convertida e até apedrejada por isso, a um prisioneiro e condenado como ele que carrega no pescoço uma cruz. Sim, porque Barrabás ainda é homem de impulsos repentinos, e por defender violentamente sua companheira, é novamente preso: e mais uma vez “agraciado”, pois ao invés da sentença capital, lhe cabe uma condenação aos trabalhos nas minas da Sicília. Aqui, o encontro com outro condenado, que de Cristo é seguidor, o inquieta. Amarrados à mesma corrente, Barrabás e o companheiro são os únicos sobreviventes de um terremoto: salvo mais uma vez. E, enfim, a transferência dos dois para Roma, a capital do Império, para servir como gladiadores na arena. Aqui, tempos depois, a luta com o líder do grupo, até então invicto, e sua improvável vitória que leva o imperador Nero a libertá-lo. A morte parece fugir diante dele: não há evento natural ou justiça humana que parece capaz de elimina-lo da existência.


Contínuos episódios de graça, de salvação. Mas Barrabás não é homem de fé, não entende o que está passando na trama de sua vida. Nem o martírio do amigo o faz confessar a fé cristã: diante do governador romano, declara não ter nenhum tipo de crença. Desnorteado, incrédulo, é o símbolo do homem que não tem um deus, mas que o busca. Está sozinho perante e vida e a morte, e também sua passagem pelas catacumbas, local de sepultura cristão e de memória, se torna quase um pesadelo, do qual quer escapar. Sua derradeira adesão à ação dos discípulos de Cristo, acusados pela voz pública de estarem colocando fogo na cidade, soa como uma atrapalhada e confusa tentativa de entender, de fazer algo para responder ao mistério daquele homem que ele não conheceu mas que está tão presente na sua vida. De uma vida sem deus, como era a dele antes, para uma vida ainda sem deus, mas que talvez o busque.
O final fica aberto a várias interpretações. Mas o filme se coloca como a parábola do ser humano diante do infinito, do divino, do outro diante de si.  Crer, se abandonar, aceitar e seguir, ou lutar se rebelando e negando. Ou ainda buscar, como Barrabás, sem, todavia, chegar ao fim, se abrir tentando entender, mesmo chegando somente no limiar da fé. Um homem que admite seu agnosticismo, que gostaria talvez de crer, mas que fica nisso. Ou não?
O filme, realizado nos estúdios romanos de Cinecittá, conta também com a intensa interpretação de Anthony Quinn, rosto mexicano emprestado a um judeu rebelde (no filme de Zeffirelli, anos depois, ele mesmo interpretará o sumo sacerdote Caifás). A produção é uma adaptação para as telas do romance homônimo do escritor sueco Pär Lagerqvist, que lhe valeu o premio Nobel de 1951. Agnóstico como o seu personagem principal, Lagerqvist transpõe para a página escrita sua pessoal inquietação diante do infinito, sua dúvidas, seu laico deter-se no limiar da fé. Um poema dele pode dar pistas para a leitura de sua obra assim como da película que apresentamos.
É meu Amigo um desconhecido, alguém que não conheço. / Um desconhecido distante, distante. / Por ele o meu coração está cheio de saudades / Por que ele não está junto a mim? / Talvez porque não exista de verdade? / Quem és tu que preenches o meu coração com tua ausência? / Que preenches toda a terra com a tua ausência?