quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Um dia de fúria

[a matéria a seguir “A ira do bom senso”, de autoria de Bruno Garcia, foi publicada no sítio eletrônico da REVISTA DE HISTÓRIA da Biblioteca Nacional]

A ira do bom senso, por Bruno Garcia

Divertido e despretensioso, ‘Um dia de fúria’ traz o impulso violento de um pai de família, cansado da vida opressora cotidiana. Num tempo de ditadura da felicidade, vemos surgir o perfeito anti-herói pós-moderno

 
Um dia de fúria.
Dir.: Joel Schumacher, EUA, 1993.
 
Há filmes que duram pra sempre. Montagens que inspiram novos diretores, combinam estruturas consagradas com ousadias técnicas; projetos com roteiros ambiciosos e finais surpreendentes que lançam e consagram atores e atrizes, enfim, produções que marcam época. Um dia de fúria (1993) não é nada disso, e ainda assim, é difícil não adorar a forma despretensiosa como conta sua história.
Dirigido por Joel Schumacher, o filme narra um dia na vida de William Foster, vivido por Michael Douglas. Recém-desempregado, divorciado e pai de uma pequena menina, William está proibido de se aproximar da ex-mulher e da filha. O comportamento agressivo arruinara o casamento e, provavelmente, a vida dele. Pois bem. O filme começa com o protagonista preso num engarrafamento: em meio ao caos urbano, debaixo de um sol escaldante, o ar condicionado do carro não funciona, a manivela que abre a janela quebra, crianças histéricas berram num ônibus escolar ao lado, enquanto William tenta desesperadamente acertar uma mosca. Matá-la era a última esperança de alguma satisfação no dia terrível... Ela escapa. É o que ele precisa pra abandonar o veículo ali mesmo e sair caminhando pelo gramado lateral à pista. Quem nunca pensou em fazer o mesmo?
Assim que salta do carro, alguém grita: “Ei! Onde você pensa que vai?”. William se limita a responder com um ar natural: “Estou indo pra casa”. E é a caminho de casa, rumo ao aniversário da filha, que o anti-herói pós-moderno se vinga de tudo e de todos. Ele atira em traficantes e policiais, xinga quem aparece na sua frente, explode com uma bazuca a obra de um viaduto, arrebenta uma loja de conveniências porque a Coca-Cola custava 35 centavos a mais do que considerava justo; e, ainda assim, o espectador se identifica com ele.
De certa forma, o surto destrutivo do protagonista nos redime da surra diária que levamos da máquina construtora de felicidades e vidas terceirizadas. É difícil não enxergar a forma irônica com que o filme trata a falsa euforia de uma América condenada pelas imagens de sucesso, mas imersa em teias de preconceito, frustração e até neonazismo. 
Um dia de fúria é um clássico, mas não tem a intensão de sê-lo: funciona excepcionalmente bem como alegoria dos efeitos colaterais produzidos por uma sociedade comprometida com a prosperidade triunfante e um moralismo silencioso.
Produto indesejado da sociedade norte-americana
Em outras palavras, William Foster é uma espécie de produto indesejado do ethos norte-americano. Pai de família, passa quase o tempo todo da trama conservando o aspecto de um executivo: maleta de trabalho e uma camisa social branca. Era um funcionário respeitado de uma empresa de segurança, mas aparência de normalidade é perturbada pela constatação de que seguir as regras e exercitar o autocontrole aos impulsos inconscientes as vezes é o caminho mais curto para o surto psicótico.
 
O
fato é que desse pathos contra mediocridade bebemos todos. Foi nossa modernidade que imputou a felicidade como imperativo universal, e junto com ela, a obsessão por antidepressivos e ansiolíticos. Como o filósofo francês Pascal Brukner deixou claro, o projeto de ser feliz (objetivo fluido, impreciso), converte-se facilmente em tédio ou apatia. Essa descrição lembra uma fala clássica de Tyler Durden, lendário protagonista de Clube da Luta (1998), filme da mesma época: “Apenas após um desastre podemos ressuscitar. É apenas após perdermos tudo é que somos capazes de fazer qualquer coisa”.  Não surpreende que o surto raivoso autodestrutivo também seja o chamado a uma subjetividade autentica.
A fúria de William Foster não é uma loucura isolada. Não se trata de um elemento apartado da nossa normalidade.  É muito mais um chamado ao bom senso diante da artificialidade das relações distorcidas por uma sociabilidade mecanizada. Dirigido por um motivo simples, como o aniversário da filha, William cruza a cidade com suas regras implícitas de uma selva urbana. Num só momento, atravessa (sem saber) o território de uma gang. Sentado numa estrutura de concreto, à beira de uma avenida afastada, é abordado por marginais. Sem nenhum pudor, em vez de entregar a maleta, decide espancá-los com um taco de beisebol aos gritos de “eu vou pra casa!”.
Em outra passagem brilhante, reage com uma submetralhadora automática a um gerente boçal de uma rede de fast food que se negava a servir o café da manhã, cujo horário havia sido ultrapassado por 4 minutos. Regras são regras, mesmo que contrariem o bom senso.
Numa das cenas mais divertidas, William atravessa um campo de golfe. Incomodado pela presença do estranho, dois senhores idosos, magnatas aposentados, o mandam de volta. Para reforçar o pedido, resolvem atirar – educadamente – bolas de golfe na direção do intruso. É claro que a história não acaba bem para eles. Mas antes de fuzilar o carrinho de golfe que delicadamente desliza até um belo lago, o protagonista discursa sobre a injustiça que é o espaço ser de privilégio de tão poucos. “Deveriam ter famílias e crianças se divertindo aqui”. Por mais compreensível que seja, a fala e as atitudes de William são os mais coerentes - por que esperaríamos isso de um sujeito furioso com uma sacola de submetralhadores e uma bazuca? – mas o protagonista é movido por um código de honra muito particular, ainda que deixe claro sua condição de “saco cheio de tudo”.
Não se trata do sonho marxista, o despertar proletário através da rejeição raivosa à exploração capitalista, mas Michael Douglas bem que nos redime das inacreditáveis situações que passamos e compartilhamos, todos os dias. Em última instância, a mensagem de Um dia de fúria é, senão universal, condizente com o modo de vida moderno comprometido com o universo simbólico instável e suas promessas de felicidade, que, volta e meia, se chocam com nosso bom senso. E não uma apologia à violência ou a heroicização de um pai de família alterado. Como é possível, portanto, não se sentir representado pelo seu sacrifício?
 
Confira a publicação no domínio original em http://tinyurl.com/97es4vo
















segunda-feira, 15 de outubro de 2012

“Pro dia nascer feliz”, valorize a escola pública!

{o dia amanheceu chuvoso. ainda bem, pois o norte de Goiás não tinha como ficar mais seco e quente. aliás, tinha mas eu não quero pensar nisto. amanheceu também com notícias positivas: foi publicada a portaria normativa n.18 de 11/10/12 segundo a qual em 4 anos, todas as Instituições de Ensino Superior federais deverão reservar 50% de suas vagas para as cotas sociais, ou seja, 1) cotas para egressos de escola pública, que estudaram integralmente nelas e que durante este tempo não tiveram vínculo com escolas particulares, 2) cota para renda familiar e 3) cota para origem étnica (negros e indígenas). Agora, o panorama da escola pública tende a mudar. assim como o do ensino superior. chega de usar o $ público para formar os filhos da classe média e elite deste pais. o conjunto dessas iniciativas valorizam a rede pública de ensino e isto trará mais atenção por parte de todos os envolvidos (gestores, docentes e discentes) e da sociedade em geral. Neste sentido, sobre o cotidiano das escolas públicas, para quem esteve morando os últimos 50 anos em Marte ou cuja (in)consciência de classe não permite ver para além dela, compartilho o texto “Pro dia nascer feliz” de autoria da antropóloga YVONNE MAGGIE  publicado em seu blog. o texto foi compartilhado pela querida Suely Molina, professora da PUC-GO. Saudações molhadas"!}
 



“Pro dia nascer feliz!”, por Yvonne Maggie
O belíssimo documentário de João Jardim Pro dia nascer feliz, realizado entre 2004 e 2005, é um dos raros filmes que retratam com delicadeza e sensibilidade a cruel realidade da vida de adolescentes na escola. João Jardim descreve o cotidiano de jovens em quatro escolas brasileiras. Em Pernambuco, São Paulo, Duque de Caxias e no Rio de Janeiro, todas elas são públicas. Há também uma escola em São Paulo, particular, em um bairro de elite. João Jardim não deixa de mostrar ainda outro estabelecimento de ensino, não nomeado, mas que o espectador percebe que é uma instituição para adolescentes em conflito com a lei.
 

 
O filme começa com dados da educação da década de 1960 na voz de um locutor, provavelmente do Canal Cem, informativo de meados do século XX, feito para o cinema e que passava antes das sessões. As frases vão repetindo o bordão que conhecemos tão bem e que ainda hoje se repete, sobre a precariedade “da educação” no Brasil. Passando pelos anos 1960 o documentarista mostra os dados de 2000 para constatar a realidade de um sistema que conseguiu universalizar o acesso e incluiu crianças e jovens antes alijadas do ensino. Em 1960 apenas 30% dos jovens e crianças tinham acesso à escola.
Desde o sertão de Pernambuco, João Jardim entrevista estudantes e professores e descreve os ambientes e rituais escolares. Ao estilo de François Truffaut, consegue aproximar meninos e meninas da elite paulista com estudantes das escolas públicas nas periferias das três grandes cidades brasileiras. O sofrimento, a solidão e os sonhos de jovens brasileiros são narrados por suas próprias vozes.  O espectador não sai desse filme imune à crueza da vida desses adolescentes, e dos professores que se dedicam à difícil tarefa de educar 95% de jovens brasileiros com os meios precários de que dispõem e inseridos na cultura da repetência, expressão cunhada por Sergio Costa Ribeiro seguindo os passos de Teixeira de Freitas, que nos anos 1940 descobriu os princípios de organização da vida escolar brasileira. João Jardim expõe, especialmente, um dos cerimoniais mais chocantes da escola, o famoso conselho de classe, que nunca havia sido filmado, e mostra a difícil escolha de Sofia que cabe aos professores em seu papel de mestres.
 

 
Tenho discutido o documentário em muitas escolas do Rio de Janeiro. Essas sessões são riquíssimas porque mostram como os estudantes se interessam pelo tema, debatendo as questões com seriedade e expressando ideias de equidade, de justiça e da missão das escolas.
No início do mês de setembro houve mais um desses fabulosos debates em uma escola localizada em Ramos. Com turmas cheias, as aulas corriam normalmente, ou seja, os professores em sala escrevendo muito no quadro negro e, os estudantes nem sempre atentos ao assunto, e muito menos ao professor. Conversavam entre si e brincavam entre carteiras do início do século XX, de madeira de lei, geminadas e pesadíssimas, tornando o espaço da sala ainda mais apertado e o tumulto ainda maior.
 

 
Na classe em que passamos o filme, um dos alunos ao fazer um belíssimo resumo do documentário terminou dizendo: “Estudar é horrível. Ninguém gosta mesmo de estudar. A gente gosta de ver os amigos, de estar com eles na escola, mas estudar, quem gosta de estudar?”
Não tive como discordar.  É preciso tempo e brechas para que os estudantes possam descobrir seus caminhos. Fiquei impressionada com essa turma que falou pouco, mas resumiu suas angústias com frases bem construídas. Não houve nenhuma balbúrdia embora o filme tenha sido visto numa televisão de 20 polegadas e projeção de péssima qualidade. Mesmo assim, os olhos dos alunos brilhavam.
 

 
O que mais me impressionou nesse debate foi a sinceridade das falas. Todos reforçaram que, apesar de não gostarem de estudar, estavam ali para ter uma vida melhor do que a de seus pais. Todos disseram que, ao contrário dos meninos e meninas da elite vistos no filme, não tinham herança nem gostariam de seguir a profissão de seus pais. A maioria dos meninos queria jogar futebol e alguns já estavam na escolinha do clube de Bonsucesso. Pensavam alto. Um deles disse que seu sonho era ser goleiro da seleção brasileira.
O debate ficou mais intenso quando dois assuntos foram abordados. A falta dos professores e a aprovação automática. Naquela escola e em muitas outras, como nas descritas no filme, muitos professores faltam e as aulas terminam mais cedo. A maioria dos alunos acha um absurdo a escola não substituir os professores faltosos, e mais ainda a aprovação automática, que lhes parece uma dupla injustiça: Se não é necessária a reprovação porque precisam ir à escola onde pouco aprendem? E os que se esforçam são aprovados junto aos que não se esforçam? Quem não estuda deve ser reprovado, segundo disseram. Alguns, porém, apoiam essas duas práticas – faltas de professores e aprovação automática – quase estruturais na maioria das escolas públicas brasileiras. Para revolta da maioria, afirmam seriamente que é bom não ter aula e sair mais cedo e que o injusto é a reprovação que os obrigava a fazer tudo de novo.
O filme termina com a câmera quase parada retratando os rostos dos entrevistados. Quando indaguei por que o final do filme tinha sido feito dessa maneira, a maioria disse que era para mostrar que havia diferenças entre os estudantes, mas que eles não eram diferentes. Ricos e pobres, meninos e meninas, brancos e negros e de outras muitas cores, tímidos e agressivos, altos e baixos, todos devem ser tratados como iguais.
Fiquei impressionada com a lógica de seus argumentos e saí da escola com a sensação de que talvez estivéssemos assistindo a um novo cenário da educação no Brasil porque quanto mais permanece a mesma coisa, mas muda. Os estudantes não se balizam apenas no que é ensinado na escola. Fiquei certa disso ao voltar à sala dos professores e, ao conversar com a professora de sociologia, ver o livro didático usado. Mas este é tema para um próximo post.
 
publicado em http://g1.globo.com/platb/yvonnemaggie/ em 28/09/12

[Segue texto publicado no portal da

 CineCachoeira – Revista de Cinema da UFRB


Crítica do documentário "Pro dia nascer feliz", por Jessé Patrício

Que a educação do país sempre foi um dos nossos principais problemas isso todo mundo já sabe, porém João Jardim no seu filme Pro dia nascer feliz (2006) tenta retratar, mesmo que de maneira generalizada, quais são os verdadeiros defeitos desse sistema educacional que se mostra ineficaz a cada ano que passa, sem que haja uma atitude por parte dos governantes ou da própria sociedade para que esse quadro possa vir a mudar. São retratados no filme desde a escola do interior do nordeste, que sofre por não ter verba suficiente para arcar com toda sua despesa anual, ou alunos que gostariam de estudar, porém sofrem por não terem transporte para poder se locomover até o colégio, e até a classe média com seu falso paraíso educacional e seus problemas existenciais, entre outros assuntos.
Um dos pontos fundamentais que o filme trata é a relação professor/aluno que em algumas partes pode aparecer de maneira amena, outras desconfortável. Logo no início do filme ouvimos a voz off de um diretor retratando a triste realidade financeira da sua escola, com isso o documentário caracteriza a culpabilidade do estado por problemas que serão mostrado em seguida. A partir desse ponto, o diretor prefere partir para alunas que, mesmo diante das dificuldades encontradas, acreditam no estudo como única forma de crescer na vida, como se o filme todo fosse um processo de superação, pois empecilhos serão encontrados e terão que ser derrubados. Isso se justifica com a última cena do filme, na qual aparecem rostos sorridentes de vários alunos de escolas públicas e privadas, e a aluna que nem mesmo os professores acreditam na sua capacidade criativa e intelectual declamando uma bela poesia sua inspirada na “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias.
O filme tem o mérito de mostrar como é triste a realidade do modelo educacional que se pratica no país, no qual o aluno passa de ano (ou série) mesmo sem aprender nada, pois um professor para reprovar um aluno tem que preencher uma ficha cansativa, e muitos preferem não se cansar mais do que já se cansaram no ano letivo inteiro. A reunião do conselho de classe, sistema totalmente defasado que ainda se encontra em prática no país, pois os governantes querem diminuir os números de analfabetos nas estatísticas e esse sistema os ajuda, porém acaba formando novos analfabetos funcionais, é o triste descaso do estado com a sua população. O diretor do filme, ao mostrar o aluno da periferia carioca contente de ter passado de ano no conselho de classe, nos mostra como esse método de julgamento está fazendo com que os alunos achem importante estarem na escola não para ganharem conhecimentos, e sim para só passarem de ano.
Se algumas vezes o filme pauta em criticar os professores por todo atraso educacional, por outro lado mostram-se os profissionais que tentam encontrar vários dispositivos para que os alunos tomem consciência da importância da escola no seu processo de formação de cidadão. Desde professores que criaram grupos de dança e música, ou a professora que coordena um fanzine feito pelos seus alunos e tenta com isso transformar o colégio em algo além da sala de aula. Os benefícios de iniciativas extras podem ser reforçados pelo depoimento da aluna Keila, que diz que depois de ter entrado para o fanzine sua personalidade e forma de ver o mundo mudaram para melhor, pois ela começou a agir de outra maneira e perdeu a agressividade que tinha. Ou o de Douglas, de Duque de Caxias, que diz que o grupo de música ocupa o tempo livre dele e o impede de estar na rua longe das más influências.

Entre a tragédia da sobrevivência e a crise da existência
 É interessante perceber que no decorrer do filme vemos a todo instante vários professores de escolas públicas discorrendo sobre o problema da educação no país, uns já cansados por ter alunos inadimplentes que só fazem atrapalhar seu desenvolvimento profissional, outros já desgastados e com um ar de que já chutaram o balde e decidiram não mais se estressar com os alunos, e aquelas que entendem que esse modelo educacional é o verdadeiro atraso da educação no país. Porém em nenhum momento vemos um professor da escola particular opinar sobre a educação brasileira, como se eles vivessem numa bolha na qual os problemas encontrados pelos professores de outras esferas não fossem os deles. O que é totalmente um engano, a exemplo da aluna que passa de ano no conselho de classe, ou a grande quantidade de alunos que ficam em recuperação e demonstram a mesma opinião do aluno da escola pública: o único dever que se tem é passar de ano. Os professores da escola particular se escondem e mascaram um problema que está em todas as partes, o descaso com a educação, já que educação é um grande negócio. O colégio particular é cheiroso e bem arrumado para não assustar os visitantes.
Outro ponto importante do filme é como ele trata a psicologia de cada aluno, em suas preocupações e suas perspectivas para o futuro. Dois casos interessantes que valem ser destacados são de um aluno do colégio público do município de Itaquaquecetuba (SP) e aluna da área nobre da grande São Paulo. Enquanto Ronaldo, o aluno do colégio público, aparece como quem tem noção da realidade em que vive e pensamentos críticos sobre o sistema falho da educação do país,  Ciça, que é uma grande personagem para o documentário pelo caráter emotivo nas suas falas, aparece como representação de uma classe média vivente numa bolha social. O simples ato de perceber a existência de um vendedor de bala na rua a torna mais humana, mas quando questionada sobre seu papel na sociedade, ela rebate que o ato de ajudar o próximo inviabilizaria sua aula de natação, ioga ou outros afazeres totalmente fúteis. Se em Ronaldo encontramos um altruísmo como evolução não só espiritual, mas também intelectual, o egoísmo do pensamento da classe média não permite que Ciça tenha os mesmos ideais e sua altivez em estudar, com isso, não passa mais do que tentar provar para si mesma, ou para os outros, que pode tirar boas notas e ser disputada como objeto de mercado entre os colégios particulares.
Filmes como Pro dia nascer feliz são totalmente necessários na filmografia nacional, pois se não discutirmos os nossos próprios problemas nunca teremos capacidade para tentar resolvê-los. O filme se encerra com um final clichê entre os planos dos luxuosos apartamentos e a favela logo ao lado, como se quisesse nos dizer que o fruto dessa separação começasse na educação. E a última cena de pequenas crianças com um prato de comida na mão a procurar o seu lugar no espaço para se alimentar, aparece como uma provocação, se aceitarmos que aquelas pequenas crianças têm os mesmos problemas dos jovens que vimos antes, marcados pelo descaso do governo, o anacronismo de um sistema educacional já falido, ou a violência brutal que a falta da educação faz aparecer no ser humano.

Disponível em http://www.ufrb.edu.br/cinecachoeira/2012/06/pro-dia-nascer-feliz/
 



























sexta-feira, 5 de outubro de 2012

II Congresso Acadêmico Científico: Educação e Ciência: desafios para um mundo sustentável

[boa madrugada. insone, vim para o pc trabalhar um pouco. aproveito para divulgar a publicação dos anais do II Congresso Acadêmico Científico da UEG/UnU Porangatu, no qual apresentei uma comunicação oral e um minicurso sobre a pesquisa de tipo etnográfica nos estágios nos cursos de formação de professores em parceria com a mestra em geografia Anna Maria Kovacs Khaoule. o evento ocorreu entre os dias 02 e 05 de outubro de 2012. O texto do minicurso não foi publicado, mas o da comunicação está disponível no link http://tinyurl.com/8lgc96d ]
“UnU de Porangatu publica anais”
A Unidade Universitária da UEG de Porangatu disponibiliza no portal de periódicos da Universidade Estadual de Goiás, os anais do II Congresso Acadêmico Científico. O evento ocorreu nos dias 02 a 05 de outubro com o tema “ Educação e Ciência: desafios para um mundo sustentável”, e contou com a participação de “renomados professores e pesquisadores de Goiás e do Brasil” explica a comissão organizadora. 
Na publicação, disponível por meio eletrônico, estão reunidos os resumos dos trabalhos apresentados durante os quatro dias do evento. Professores, pesquisadores e alunos da instituição contribuíram com artigos nas seguintes áreas do conhecimento: Letras, Matemática, Biologia, Geografia, Educação Física e História. No evento os trabalhos foram apresentados nas modalidades de comunicação oral e painéis. O link para o acesso dos anais é: http://www.prp.ueg.br/revista/index.php/congresso_acac/index.
(Ana Flávia Caldas - estagiária)

Notícia publicada em 22/10/2012. Disponível em http://www.ueg.br/noticia/12026 acesso em 25/10/12.